Estudo mostra aumento de 48,5% em casos de violência escolar desde a retomada. Entenda o que as escolas podem fazer para superar conflitos
A vida de muitos brasileiros foi impactada pela pandemia de Covid-19. Mesmo aqueles que não foram de fato contaminados pelo vírus, sentiram a saúde mental e emocional ser abalada, apresentando transtornos mentais e sofrimento psicológico, como mostrou o estudo do Observatório Febraban/Ipespe em 2021. E isso inclui o ambiente escolar e as competências emocionais dos alunos, que também foram afetados pelos impactos do isolamento e da pandemia.
Segundo o mapeamento feito pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e o Instituto Ayrton Senna, cerca de 67% dos estudantes tiveram dificuldades para controlar e lidar com a raiva e a irritação diante de frustrações. Por isso, vemos tantas notícias sobre casos de violência nas escolas, que tiveram um aumento de 48,5% desde a retomada das aulas presenciais.
Após dois anos sem poder sair de casa, o retorno presencial causou uma nova provocação nas emoções dos alunos e professores, que estavam se adaptando ao ensino remoto e agora precisam voltar a interagir diretamente com colegas, desenvolver novas posturas em um ambiente diferente que não é a sua casa e ainda se proteger do vírus. Tudo isso influencia nas mudanças comportamentais, cognitivas e emocionais dos estudantes e educadores, bem como no clima escolar.
Como as escolas podem contribuir para o clima saudável
As emoções são conectadas à racionalidade, ou seja, guiam as tomadas de decisões, aprendizagem e ações, sejam elas positivas ou negativas. O treino das competências emocionais ajudam no comportamento e na superação de conflitos, por isso é fundamental que as escolas proponham atividades e recursos que exercitem a “plasticidade emocional” dos alunos, desenvolvendo e treinando competências para promover o ambiente saudável, seguro e acolhedor que alunos e professores precisam.
Digo que a Plasticidade Emocional é treinar competências que reconfiguram emoções, buscando consciência para superar, recuperar ou modificar nosso desempenho e comportamento. E isso pode ser feito com as crianças e jovens, pois ajuda a fortalecer a habilidades como resiliência, aumentando a capacidade de lidar com problemas; empatia, estimulando a capacidade de olhar para o outro e refletir nas consequências das atitudes; e perseverança.
Outro ponto importante para cuidar da saúde mental dos estudantes e diminuir a violência no ambiente escolar, é que os educadores saibam identificar a situação e a causa que levou ao comportamento agressivo. Quanto antes o problema é identificado, menor é o seu impacto. Mas para isso, os professores precisam entender e reconhecer as próprias emoções para que sejam capazes de orientar e apoiar seus alunos na aprendizagem emocional.
Tendo o conhecimento sobre as emoções, sejam elas positivas ou negativas, lidar com o estresse e irritabilidade diante de frustrações e situações adversas fica mais fácil. Se você quer saber mais sobre a saúde mental e emocional nas escolas e o que fazer para proteger o ambiente de ensino, clique aqui para baixar o e-book com dicas e atividades aos professores, alunos e toda a comunidade escolar.
Adriana Fóz, Neuropsicóloga, Palestrante e Educadora especialista em Emoções.