Diagnóstico de TDAH: saiba como a Avaliação Neuropsicológica pode ajudar

A falta do diagnóstico de TDAH ainda na infância pode agravar os sintomas na vida adulta. Entenda como a Avaliação Neuropsicológica avalia os sinais e contribui para a identificação precoce 

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) atinge cerca de 2 milhões de pessoas só no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). E o que muitos podem não saber é que o diagnóstico de TDAH não acontece apenas na infância ou adolescência, na verdade, há casos em que pode ser descoberto só na fase adulta.

Isso não quer dizer que o transtorno possa ser desenvolvido em adultos, mas, sim, que eles carregaram os sintomas desde a infância e eles foram se intensificando ao longo do tempo devido a falta do tratamento. Esse é um caso que representa cerca de dois terços das crianças não diagnosticadas com TDAH, segundo ABDA e ADHD Institute.

Mas, afinal, como é possível descobrir um transtorno neurobiológico como esse, tão tarde? Para realizar um diagnóstico de TDAH adequado e assertivo, primeiro é preciso compreender não só os sintomas como também o histórico da pessoa. Vamos começar entendendo o que é essa neurodiversidade:

O que é TDAH: sintomas, tipos e curiosidades

Muitos entendem que o TDAH é a dificuldade que a pessoa tem de manter o foco e a atenção em determinadas situações e atividades, mas, na verdade, é muito mais do que isso. A ABDA define como “transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida”, e pode apresentar sintomas como déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade e desregulação emocional.

O TDAH, de acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), é dividido em 3 tipos. Entenda suas peculiaridades e o funcionamento do cérebro em cada um:

  • Hiperativo/Impulsivo: são as pessoas mais energéticas e inquietas, que sentem a necessidade de estar sempre em movimento. Isso pode acontecer por causa da transmissão de dopamina em certas áreas cerebrais. Como assim? Este neurotransmissor é responsável pela sensação de prazer e satisfação. Logo, o cérebro do TDAH pode ter um funcionamento que demande mais dopamina para manter essa sensação satisfatória para iniciar atividades sem hesitação.  
  • Desatento: pessoas com o tipo desatento, como o próprio nome diz, têm mais dificuldades de manter a atenção, organização e de seguir instruções muito detalhadas. Além disso, podem se distrair facilmente e esquecer de continuar tarefas, por exemplo. O esquecimento, a distração e desorganização podem também ser resultados da insuficiência de hormônios, como a adrenalina e noradrenalina no córtex pré-frontal. No entanto, existem exercícios que podem ser feitos para melhorar essas questões. Por exemplo: colocando os objetos sempre no mesmo lugar para não esquecer onde deixou; colocar alarmes no celular para lembrar de realizar as tarefas que escolheu fazer no dia; evitar locais distratores. Para qualquer desafio, é importante sermos observadores de nós mesmos para identificar quais pontos fracos e fortes podem ser trabalhados.
  • Misto/Combinado: é a combinação dos tipos, ou seja, demonstram todos os sintomas do Hiperativo/Impulsivo e Desatento.

Se nos atentarmos a esses sinais, fica mais fácil identificarmos o TDAH, certo? Sim e não. O DSM-5 lista pelo menos nove sintomas para identificar cada tipo. Isso quer dizer que não basta avaliar os sinais isoladamente. Por exemplo: um adolescente que não está conseguindo se concentrar nas aulas e tirar notas boas nas atividades não significa que ele tenha déficit de atenção. 

Questões emocionais e comportamentais também podem influenciar no desempenho escolar. E, sobretudo, quem só é desatento na escola ou apenas agitado em casa, não configura um caso deste transtorno.

Esses são cuidados muito valiosos que pais, professores, psicólogos e neuropsicólogos devem ter. Por isso, avaliar cada etapa é de extrema importância para um diagnóstico e tratamento assertivo. A Avaliação Neuropsicóloga é uma metodologia que ajuda na recomendação e tratamento de questões cognitivas, comportamentais e emocionais para jovens e adultos.

Sobre o processo da Avaliação Neuropsicológica Integrativa:

A Avaliação Neuropsicológica Integrativa estuda e analisa profundamente o paciente mas também aqueles que estão ao seu redor, ou seja, familiares, profissionais, médicos, escola e outros que possam ajudar no entendimento do indivíduo e suas singularidades.

Sobre o processo da terapia:

São 4 etapas de análise que envolvem a espiral da Avaliação Neuropsicológica Integrativa:

  1. O Indivíduo: é feita uma entrevista para entender o caso (Anamnese) – Atividades laborais, físicas e lazer; Relações Interpessoais; Exames e diagnósticos anteriores e percepções; Perguntas, Buscas e Queixas.
  2. O Entorno: com a permissão do paciente, é feita também uma entrevista com familiares, médicos, terapeutas e cuidadores, professores e coordenadores.
  3. Avaliação Neuropsicológica Integrativa: É um conjunto de testes e inventário que avaliam a memória, atenção, funções executivas, linguagem, leitura e escrita, praxias, raciocínio, aprendizagem, pensamento, emoções, entre outros aspectos que podem ajudar a identificar déficits ou prejuízos, além dos potenciais cognitivos e emocionais. São 2 os profissionais envolvidos, onde um investiga mais aspectos quantitativos e outro os qualitativos para que a conclusão,  recomendações e encaminhamentos sejam mais assertivos. Este tipo de avaliação está a serviço do paciente, portanto deve apresentar linguagem e propósitos de acordo com suas necessidades. Ademais, os testes e inventários são escolhidos de acordo com estas necessidades singulares.

A Avaliação Neuropsicológica Integrativa pode ajudar não só no diagnóstico do TDAH, entendendo causas de problemas emocionais e cognitivas, como na identificação de pontos cognitivos fortes e fracos a serem explorados, aumentando a eficiência no tratamento.

Se você quer saber mais sobre esta prática da neuropsicologia, leia este artigo.

Adriana Fóz, neuropsicóloga, educadora, palestrante e especialista em emoções.

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