Insatisfação com o corpo: como redes sociais abalam a autoestima dos jovens

Estudo indica que 84% das brasileiras usam filtros para mudar a própria imagem. Entenda como uso indevido das redes sociais influenciam na autoestima e saúde mental dos adolescentes

De modo geral, podemos entender a autoestima como a visão que temos de nós mesmos e que moldamos a partir de experiências pessoais, das emoções, de comportamento, valores, crenças, entre outros fatores que contribuem para sua construção.

Infância e adolescência são períodos importantes para o desenvolvimento dessa autoestima, pois são fases em que os jovens passam por diversas descobertas e mudanças fisiológicas e emocionais, bem como, naturalmente, tendem a se comparar com outras pessoas. Por isso, é fundamental dar atenção ao conteúdo que os jovens estão consumindo e ao papel que pais e mães têm na construção da autoconfiança de seus filhos.

Em um mundo onde todos transparecem estar felizes o tempo inteiro, lindos e bem sucedidos, uma única espinha no rosto de um adolescente pode parecer o fim do mundo. A autoestima abalada e a busca por uma perfeição que não existe pode fazer com que os jovens se sintam mais ansiosos e frustrados. Um dado da pesquisa de comportamento da Girlguiding UK mostra que cerca de 47% das meninas com idades entre 11 e 21 anos acreditam que sua aparência atrapalha na vida.

Impactos das redes sociais na autoestima dos jovens

Para compartilhar uma foto nos stories do Instagram para dar bom dia, por exemplo, não é apenas ligar a câmera, sorrir e postar. Na verdade, existe todo um ritual:

  1. Ligar a câmera;
  2. Escolher um filtro que cubra as linhas de expressão, e espinhas – alguns podem até maquiar ou desenhar a barba;
  3. Encontrar a melhor pose e o melhor ângulo que favorece o rosto ou corpo;
  4. Tirar uma, duas ou três fotos para ver qual fica melhor;
  5. Postar e esperar ansiosamente por curtidas e comentários.

Em alguns casos, mesmo passando por todo esse processo, a pessoa pode escolher não postar porque não se sentiu bonita o suficiente. Este foi um exemplo simples, mas muito comum e que tem tudo a ver com autoestima.

Embora os filtros do Instagram tenham surgido como uma ideia inofensiva e divertida, alguns deles empurram um padrão de beleza intangível e que pode afetar a saúde mental e física do jovem, que acredita que precisa emagrecer, afinar o nariz e aumentar os lábios para ser feliz. Cerca de 84% das brasileiras usam filtros para mudar a própria imagem; 80% deixam de fazer atividades rotineiras, como socializar com amigos e familiares, por preocupação com a aparência; e 70% sente vergonha de ir ao médico. Esses são dados de pesquisa feita pelo projeto Dove Pela Autoestima.

Outro impacto das redes sociais sobre os jovens é a criação de conteúdo em massa e a necessidade de fazer parte disso. Todo dia tem uma tendência nova, seja uma dança no Tik Tok, uma música em alta ou meme. Assim como as empresas têm a preocupação de acompanhar as tendências nas redes, os jovens também se preocupam e têm medo de ficar de fora. “Alguns deles checam suas mídias sociais quase que constantemente, de modo a garantir que estarão sempre atualizados com tudo o que está acontecendo em seu círculo de amizades”, aponta a pesquisa.

A importância dos pais na construção da autoestima

Toda mãe e pai deseja o melhor para seus filhos e esperam que eles sejam felizes, confiantes e saudáveis. Mas será que os pais – de fato – conhecem seus filhos, sabem o que estão consumindo e se estão criando jovens resilientes e seguros?

Essa é uma das provocações que o Projeto Dove Pela Autoestima faz. Assista ao vídeo para entender:

Para que as crianças e adolescentes se tornem adultos seguros com autoestima e autonomia, existem atitudes simples que pais podem – e devem – tomar para garantir o bem-estar que desejam para seus filhos. Por exemplo:

  • Ser o exemplo de pessoa autoconfiante e resiliente. Criar uma boa relação de amor próprio consigo mesmo pode ajudar o jovem a criar a dele;
  • Permitir que a criança ou adolescente faça suas próprias escolhas, tente e falhe quando necessário. Ensinar que erros fazem parte do aprendizado e desenvolvimento é um passo para construir autoestima e evitar frustrações;
  • Valorizar opiniões, potenciais e bons comportamentos, como empatia;
  • Reconhecer suas conquistas e esforços.

Além disso, é importante que os pais também estejam atentos ao que seus filhos estão consumindo. Estabelecer limites, encorajar encontrar alternativas, refletir sobre o tempo no celular e sempre conversar com o jovem é fundamental para melhorar a conexão familiar e contribuir para uma vida mais saudável.

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Como as escolas podem ajudar na construção da autoestima?

A pressão para tirar boas notas nas provas, ser aprovado no vestibular, bullying por conta da aparência e exclusão são algumas razões que contribuem para a baixa autoestima dos jovens. Por isso, existem algumas ações que as escolas podem tomar para ajudar os alunos, como:

  1. Propor atividades em conjunto que promovem a socialização e a troca de experiências e ideias;
  2. Envolver os alunos em rodas de conversa e ações que combatem o bullying;
  3. Treinar competências emocionais, como a empatia, resiliência, gratidão e coragem para ajudar a construir personalidades fortes e prepará-los para a vida;
  4. Pesquisas individuais com os alunos para entender como estão se sentindo e oferecer apoio.

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Adriana Fóz, Neuropsicóloga, Palestrante e Educadora especialista em Emoções.

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